sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

5ta Bienal de Arte e Cultura da UNE: praia, sol, pão e circo.

A 5ta bienal da UNE (União Nacional dos Estudantes), que aconteceu no Rio de Janeiro entre os dias 28 de janeiro e 2 de fevereiro como o tema “Brasil e África, um rio chamado Atlântico”, foi marcada pelos shows, festas e manifestações culturais. É, a cultura em ultimo lugar mesmo, e quem dirá da discussão sobre o assunto. Mas, não sejamos tão estritos, quê é cultura ao final das contas?
Ainda assim, sem cair em relativizações de questões complicadas, não é possível afirmar que a discussão foi completamente nula, mas de fato não foi o ponto central do encontro, já que ela foi concertada em eventos que aconteceram paralelamente ao planejado pela organização. De certa forma a discussão política, aquele bicho papão que faz maioria dos estudantes se arrepiam com só escutar, foi proposta pela Une através dos eventos que organizou, ou seja, a direção foi a não discussão, pelo velho e ainda eficaz pão e circo para o povo, neste caso, os estudantes.
Também pode ser pretensão pensar que as pessoa quereriam perder seu tempo participando do evento, fechados numa sala no calor de 39 graus, com as belezas naturais, praias de novela das 8 (na que verdade passa às 9) e tantas outras coisas que a cidade tem a oferecer, é que jogue a primeira pedra quem queira culpa-los.
A passeata pela retomada do terreno onde estava a sede original da UNE no Flamengo foi uma exemplo disso. Hoje o Movimento Estudantil, apesar da tão falada crise, movimenta muito pessoas (que redundância!), o problema é saber como é feita isto e se as pessoas sabem que quando apóiam a Une em este tipo de eventos ou cantam em coro o grito da UJS sabem realmente que significado e que implicações isto tem. O fato de que durante o ato diferentes formas de manifestação não foram aceitas, como a faixa levantada por alguns estudantes contendo a seguinte mensagem: “Une + Globo = $” e que foi arrancada das mãos por membros do grupo político que hoje dirige a Une, só foi uma demonstração explicita de como a Une não é exatamente o lugar mais democrático de manifestação.
O problema em questão é quando não se percebe que existem manipulações políticas poderosas atrás de tudo isto, e que no momento em que participamos de um evento como este, de certa forma somos parte uma vez mais da massa manipulável: acrítica e apolítica. Ou seja, se os estudantes querem fazer turismo no rio de janeiro por 50 reais em pleno verão, façam, mas que tenham consciência da sua posição frente a Une e as forças que a promovem.
Não pretendo falar contra o Une, só penso nos fatos que presenciei naquela semana, e como militante do movimento estudantil me fazem pensar que o movimento precisa tomar outro caráter urgente: se por um lado nos negamos a usar aquela que seria nossa voz frente à sociedade compactuando conscientemente ou não disso, por outro nega-la ainda não me parece a melhor escolha. Mas cada um com seus problemas, opções é que não faltam, faça a sua.

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